Archive for 25/11/2010
TEMPO DE PÃO DE QUEIJO, UAI!
Em 1930, com a decisão do Presidente Washington Luiz de apoiar o paulista Júlio Prestes, o então Governador do Estado de Minas Gerais, Antonio Carlos, apoiou a revolução (golpe) que depôs o Presidente, impediu a posse do eleito e permitiu que Getúlio Vargas assumisse o governo. Era o fim da chamada política do café-com-leite, de revezamento do poder entre paulistas e mineiros na Presidência da República (1898-1930).
Nos tempos modernos, e como interlúdio para o que se vai comentar a seguir, desde 1994 a Presidência da República não é ocupada por um mineiro, podendo-se dizer que nos últimos 16 anos tivemos dois presidentes paulistas (FHC e Lula, embora este último seja natural de Pernambuco).
Em termos de disputas eleitorais, o PSDB concorreu nas últimas 5 (cinco) eleições presidenciais, duas vezes com FHC (1994 e 1998) e Serra (2002 e 2010) e uma vez com Geraldo Alckmin (2006). Todos eles candidatos paulistas.
Com as três últimas derrotas, cresce o descontentamento com o PSDB de São Paulo, especialmente em Minas Gerais, Estado governado pelos tucanos desde 2002 (sem falar no período 1994-1998, com Eduardo Azeredo) e onde o ex-governador Aécio Neves demonstra ter uma força política extraordinária, a ponto de eleger o seu sucessor, ele próprio e o ex-presidente Itamar Franco como senadores.
O Estadão (Estado de São Paulo) de 24 de novembro, conforme lembra o Paulo Henrique Amorim no Conversa Afiada, destaca a crise interna do PSDB motivada pela disputa entre as correntes de Minas Gerais e São Paulo.
Nárcio Rodrigues, Presidente dos tucanos mineiros, trocou algumas farpas com José Henrique Reis Lobo, Presidente do PSDB Paulista, e disse que Minas respeitou a fila, mas que agora (2014) é a vez de Aécio. E tascou, parafraseando Zagallo: “Vocês vão ter que nos engolir”.
Os mineiros falam em “refundação” do PSDB, que PHA, com a perspicácia de sempre, disse que em mineirês significa “tirar o PSDB de São Paulo”.
O PSDB parece caminhar para o racha, que pode ser acelerado caso o Congresso Nacional aprove uma reforma política mais profunda, situação que pode ser tentadora para Aécio Neves e uma oportunidade de organizar a oposição em torno de si.
Mas é bom lembrar que José Serra, no discurso da derrota, deu um “até logo” aos eleitores, indicando claramente que pretende liderar a oposição e se colocando novamente como candidato.
Aécio, por sua vez, como Senador, aparece como grande liderança da oposição, como mérito de trafegar com mais desenvoltura entre correntes governistas e oposicionistas.
Seja como for, é bom lembrar o que disse o PHA sobre o resultado das últimas eleições: “Aécio pode ter perdoado Serra. Será? Mas, Minas não perdoou Serra.” (http://bit.ly/bh8XEE). É claro que esse comentário não despreza a força do PT e do Presidente Lula em Minas.
Em tempo: para os mais provincianos, bairristas e aecistas, eu lembro que Minas já revezou novamente com São Paulo na Presidência da República. Afinal de contas, Dilma é mineira, uai!