Archive for 21/11/2010
A FARRA DO IPTU (OUTRO JEITO DE COMPRAR VOTOS)
Já tinha comentado sobre o IPTU em post anterior. Mas não poderia deixar de dar um pitaco sobre a surpreendente guinada que deu o Prefeito Municipal nessa questão.
Antes, publicou decreto sabidamente ilegal aumentando o valor do imposto em até 1000%. Alegava falta de recursos e a necessidade de acertar as contas da Prefeitura.
Não se esqueçam que não havia dinheiro para reajustar o vencimento dos servidores, nem para pagar hora extra ou para a execução de serviços e obras essenciais.
Diante da grita geral e de ter queimado o seu filme, além de ter sido ameaçado por ação judicial aforada pelo Ministério Público, o Prefeito recuou e revogou o tal decreto.
Aí, alguém muito esperto e astuto (sim, meus amigos, existem pessoas espertas e astutas ao lado do Prefeito) teve a feliz ideia de inverter o jogo. Disse, em alto e bom som, que o Prefeito voltou atrás e demonstrou sensibilidade social. Ah, tá!
Essa pessoa (acho que não é preciso dizer quem é) sugeriu ao Prefeito um pacote fiscal natalino: isenção do IPTU para imóveis avaliados em até R$ 50.000,00; para pessoas acima de 60 anos; e para pessoas acometidas por doenças crônicas.
Consta que a isenção atingirá 70% dos contribuintes. Isso significa, na prática, que a Prefeitura está abrindo mão da cobrança do IPTU. Não precisa mais dele.
Uma verdadeira farra com dinheiro público. O objetivo: limpar a barra, angariar alguma simpatia e, de quebra, comprar por via oblíqua alguns votos (afinal de contas, daqui pouco mais de 18 meses começa a campanha eleitoral).
Para isso, que se danem as contas da Prefeitura. Às favas com a Lei de Responsabilidade Fiscal. E daí se isso for crime de responsabilidade? O que que tem se isso é demagogia? O que há de errado em ganhar alguns votinhos à custa da quebradeira da Prefeitura? Em política, assim como na guerra, vale tudo.
Fico pensando: para aumentar o imposto em até 1000% não foi preciso enviar nenhum projeto para a Câmara. Bastou uma simples canetada e um decreto fresquinho saiu do forno.
Para perdoá-lo e fazer uma média eleitoreira com grande parte da população, a Câmara foi chamada. Por que será? Dou um pirulito para quem adivinhar. O Oráculo da Prefeitura (que vocês sabem quem é), que aliás nem é tão maquiavélico assim, sentenciou: “Manda para a Câmara, Antério. Só a repercussão positiva disso vai fazer a gente recuperar o prejuízo que o aumento trouxe.”
E se os vereadores sérios da Câmara de Unaí (sim, meus amigos, não se espantem porque existem alguns vereadores sérios no Legislativo Unaiense) rejeitarem o projeto? Aí, o tal oráculo vai propagandear, no seu bom e surrado estilo: “O prefeito queria isentar, mas a oposição não deixou. A culpa é deles. Ficamos bem de qualquer jeito.”
Mas, e se algum cidadão mais consciente resolver atacar a lei porventura aprovada, provocando o Ministério Público ou propondo alguma ação judicial? Com a palavra o Houdini da Prefeitura: “Se isso acontecer, esse cidadão certamente é da oposição e aí nós vamos explorar politicamente. Eles estão perdidos.”
E assim caminha o atual governo, fingindo que governa o Município e fazendo troça da gente. E o tal oráculo ganha um pouco de gás, fazendo o que sempre soube fazer: comprando votos e apoios políticos com a manipulação e o uso deslavado e escancarado da máquina administrativa. Afinal de contas, os recursos públicos não são tão públicos assim para alguns que se encontram no Poder.
RICO TAMBÉM SOFRE
Não deixem de ver esse vídeo do Marcelo Adnet. É muito engraçado. Tucanos não vão gostar, já adianto.