A FARRA DO IPTU (OUTRO JEITO DE COMPRAR VOTOS)

21/11/2010 at 8:59 5 comentários

Já tinha comentado sobre o IPTU em post anterior. Mas não poderia deixar de dar um pitaco sobre a surpreendente guinada que deu o Prefeito Municipal nessa questão.

Antes, publicou decreto sabidamente ilegal aumentando o valor do imposto em até 1000%. Alegava falta de recursos e a necessidade de acertar as contas da Prefeitura.

Não se esqueçam que não havia dinheiro para reajustar o vencimento dos servidores, nem para pagar hora extra ou para a execução de serviços e obras essenciais.

Diante da grita geral e de ter queimado o seu filme, além de ter sido ameaçado por ação judicial aforada pelo Ministério Público, o Prefeito recuou e revogou o tal decreto.

Aí, alguém muito esperto e astuto (sim, meus amigos, existem pessoas espertas e astutas ao lado do Prefeito) teve a feliz ideia de inverter o jogo. Disse, em alto e bom som, que o Prefeito voltou atrás e demonstrou sensibilidade social. Ah, tá!

Essa pessoa (acho que não é preciso dizer quem é) sugeriu ao Prefeito um pacote fiscal natalino: isenção do IPTU para imóveis avaliados em até R$ 50.000,00; para pessoas acima de 60 anos; e para pessoas acometidas por doenças crônicas.

Consta que a isenção atingirá 70% dos contribuintes. Isso significa, na prática, que a Prefeitura está abrindo mão da cobrança do IPTU. Não precisa mais dele.

Uma verdadeira farra com dinheiro público. O objetivo: limpar a barra, angariar alguma simpatia e, de quebra, comprar por via oblíqua alguns votos (afinal de contas, daqui pouco mais de 18 meses começa a campanha eleitoral).

Para isso, que se danem as contas da Prefeitura. Às favas com a Lei de Responsabilidade Fiscal. E daí se isso for crime de responsabilidade? O que que tem se isso é demagogia? O que há de errado em ganhar alguns votinhos à custa da quebradeira da Prefeitura? Em política, assim como na guerra, vale tudo.

Fico pensando: para aumentar o imposto em até 1000% não foi preciso enviar nenhum projeto para a Câmara. Bastou uma simples canetada e um decreto fresquinho saiu do forno.

Para perdoá-lo e fazer uma média eleitoreira com grande parte da população, a Câmara foi chamada. Por que será? Dou um pirulito para quem adivinhar. O Oráculo da Prefeitura (que vocês sabem quem é), que aliás nem é tão maquiavélico assim, sentenciou: “Manda para a Câmara, Antério. Só a repercussão positiva disso vai fazer a gente recuperar o prejuízo que o aumento trouxe.”

E se os vereadores sérios da Câmara de Unaí (sim, meus amigos, não se espantem porque existem alguns vereadores sérios no Legislativo Unaiense) rejeitarem o projeto? Aí, o tal oráculo vai propagandear, no seu bom e surrado estilo: “O prefeito queria isentar, mas a oposição não deixou. A culpa é deles. Ficamos bem de qualquer jeito.”

Mas, e se algum cidadão mais consciente resolver atacar a lei porventura aprovada, provocando o Ministério Público ou propondo alguma ação judicial? Com a palavra o Houdini da Prefeitura: “Se isso acontecer, esse cidadão certamente é da oposição e aí nós vamos explorar politicamente. Eles estão perdidos.”

E assim caminha o atual governo, fingindo que governa o Município e fazendo troça da gente. E o tal oráculo ganha um pouco de gás, fazendo o que sempre soube fazer: comprando votos e apoios políticos com a manipulação e o uso deslavado e escancarado da máquina administrativa. Afinal de contas, os recursos públicos não são tão públicos assim para alguns que se encontram no Poder.

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RICO TAMBÉM SOFRE É HORA DE ATITUDE!

5 Comentários Add your own

  • 1. José Luiz  |  21/11/2010 às 13:46

    Não conheço o PL que foi entregue ao Legislativo. Creio que ainda não foi publicado para conhecimento do cidadão.

    Mas sei que a primeira providência que os vereadores sérios da Câmara de Unaí precisam tomar, é verificar se a isenção proposta está prevista na LDO que foi aprovada no mês de Julho deste ano e se consta, no Anexo de Metas Fiscais, do demonstrativo da estimativa e compensação da renúncias de receita.

    Se não houver tal previsão, a matéria nem poderá ser recepcionada pelo Legislativo, enquanto não se alterar a LDO nesse sentido.

    Sobre tributação e renúncia, existem dois princípios consagrados em nossa Lei Orgânica que deverão ser analisados por nossos vereadores sérios:

    1º – os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e, nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.

    2º – A isenção, anistia e remissão relativas a tributos e penalidades só poderão ser concedidas em caráter genérico e fundadas em interesse público justificado, sob pena de nulidade do ato.

    Quanto ao impacto financeiro sobre as finanças municipais, não se tome como primeiro critério o valor das propriedades. Se o PL trouxer, como é devido, uma planta genérica de valores, poucos imóveis do perímetro urbano ficarão abaixo deste valor.

    Nem mesmo as pessoas acometidas de doenças crônicas pesarão neste impacto. Em sua maioria esses contribuintes, ou não tem imóveis ou tem mais de 60 anos de idade.

    E é aí que estão os benefíciários: Os contribuintes com mais de 60 anos são os proprietários de mais de 90% dos bens tributáveis com o IPTU.

    Imagine que postos de combustíveis, hotéis, edifícios de apartamentos e lojas comerciais, farmácias e até o prédio da antiga rodoviária, todos situados na principal avenida da cidade, estarão isentos do IPTU em 2011, pois seus proprietários tem mais de 60 anos.

    E, fatalmente, nos próximos dois anos a isenção do IPTU será de 100%, pois bastará ao contribuinte transferir o imóvel para um familiar com mais de 60, com garantia do usufruto, para deixar de pagar o tributo. É um arraso para as contas públicas.

    Se a medida render votos esse PL é um Plano Legal de compra de votos. E, como até os vereadores sérios de Unai dependem de votos, não estão isentos para deliberar e vão aproveitar a maré.

    Com a palavra o Ministério Público.

    Responder
    • 2. Paulo Gilberto Alves de Sousa  |  21/11/2010 às 16:45

      É como eu disse: a proposta desde sempre me pareceu, ao menos considerando os termos em que foi levada ao conhecimento público, inconstitucional. É um verdadeiro butim tributário com a finalidade de obter dividendos eleitoreiros. Afinal de contas, não faz um mês a Prefeitura estava sem dinheiro, com o caixa baixo, chegando ao extremo de rescindir o convênio com a Fundação Conscienciarte, sob esse fundamento. Creio que os nossos vereadores não se deterão nessas questões fiscais e tributárias que o José Luiz com muita propriedade salientou. Mesmo porque, o Legislativo em Unaí, desde 2005, transformou-se num órgão dócil, um reles apêndice do Poder Executivo que sofre ingerências inclusive do Vice-Prefeito, mesmo quando essa intervenção se dá contra um de seus membros, em reunião da Casa, como vimos recentemente.

      Responder
  • 3. teste  |  22/11/2010 às 18:17

    A Prefeitura colocou a proposta do IPTU 2011 no seu respectivo site, veja: http://www.prefeituraunai.mg.gov.br/areas_interativas/legislacao_nova/index.php?subcat=43&ENGINEsessID=bc687138387c3507fe1ec02fb0984cad

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  • 4. teste  |  22/11/2010 às 18:37

    É, pelo que vi nos projetos de Lei mencionados acima, existe um outro que estabelece algo como o Nota Legal que existe no Distrito Federal, onde os contribuintes exigem a Nota Fiscal e recebem descontos em determinados impostos. Isso significa mais arrecadação para o Município e menos sonegação de impostos. Eu acho uma idéia boa pois em Unaí, a maioria dos comércios não entregam Nota Fiscal sem que o cliente exija.
    Acho interessante um post sobre esse assunto.

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  • 5. José Luiz  |  22/11/2010 às 19:56

    Divulgado o PL, fiz um exame rápido. O princípio do caráter pessoal e graduação segundo a capacidade econômica parecer ter sido atendido no projeto, resta a regulamentação. O do interesse público não ficou demonstrado.
    Numa análise preliminar, a proposta da Faixa Social de Isenção sobre o Valor Venal do Imóvel parece beneficiar todos os imóveis RESIDENCIAIS com até 134m2 situadas na periferia imediata da área central da cidade, embora o valor de R$375,00 considerado seja o piso da pauta. Como esta não foi divulgada, presume-se que o m2 de casas com melhor padrão construtivo sejam oneradas em 100%, e a medida beneficie somente imóveis com até 70m2. Uma casa da Cohab, no plano original, mede 35m2.
    Os vereadores sérios terão muitos calculos para fazer. Mas devem votar a favor. Ah, se devem! A matéria vai render muitos votos, pra todos os lados. Principalmente depois da regulamentação. Ah, vai!

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