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O TERRORISMO RELIGIOSO NAS ELEIÇÕES DE 2010

Mais do que a #ondavermelha ou a #ondaverde, o que se viu nessas eleições foi uma onda de boataria envolvendo a candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff.

De forma bastante articulada, a central de boatos utiliza especialmente as redes sociais e os e-mails para disseminar as mais absurdas acusações contra a candidata.

Dilma já foi acusada de terrorista (sem nunca ter pegado em armas durante a resistência à ditadura militar), de ser a favor do aborto, de ter se vangloriado de que nem Jesus Cristo lhe tiraria a vitória em 3 de outubro, de que o vice na sua chapa, Michel Temer, é satanista.

Os e-mails apócrifos difundem essas inverdades e têm encontrado ressonância entre alguns setores da sociedade, especialmente entre os jovens de classe média alta que não conhecem a história política recente do país e que replicam as visões conservadoras de seus pais.

O mote da vez é o PNDH3, o Plano Nacional de Direitos Humanos 3, aprovado pelo Presi-dente Lula por meio do Decreto n° 7.037, de 21 de dezembro de 2009, que os partidários de José Serra, escudados em alguns líderes religiosos conservadores, tratam de explorar de forma irresponsável como instrumento a serviço da implantação de um regime ditatorial que pretende abolir a liberdade de imprensa e de culto.

Segmentos mais retrógrados do movimento religioso, sobretudo da Igreja Católica, têm interpretado de forma enviesada o PNDH3 e propagam que o PT pretende implantar no país uma ditadura de molde stalinista ou cubano.

Na última terça-feira, dia 5, o canal de televisão Canção Nova, que reproduz programação da Igreja Católica, veiculou vídeo em que o Padre José Augusto pede aos fiéis para não votarem em Dilma porque ela seria a favor do aborto e que o seu governo pretende censurar os sacerdotes e fechar igrejas.

Para os que não estão familiarizados com o Direito, ressalto que é infundada qualquer afirmação de que o PT ou Dilma pretendam abolir os direitos e garantias fundamentais plasmados na Constituição Brasileira, consistindo tais afirmações em boatos desprovidos de qualquer fundamento.

Esqueceu-se o Padre José Augusto que o Presidente da República, ao assumir, jura cumprir a Constituição e esta, por sua vez, considera como direitos individuais fundamentais a liberdade de consciência e de crença e a livre manifestação do pensamento (art. 5°, incisos IV e VI), insuscetíveis, inclusive, de modificação por meio de emenda constitucional (cf. art. 60, § 4°, V).

Até mesmo o governo que porventura tenha maioria qualificada no Congresso Nacional não terá poderes para praticar os atos temidos pelo ilustre reverendo, porque senão cometerá o Chefe da Nação crime de responsabilidade, previsto no inciso III do art. 85 da Constituição Republicana, porque terá atentado contra o exercício de direitos individuais fundamentais.

Referido discurso é, portanto, simples falácia, desprovido de qualquer fundamento, um típico caso de difusão do medo e do terror, sem qualquer base fática ou jurídica, mas que infelizmente acaba vicejando entre aquelas pessoas que não possuem meios suficientes de se informarem sobre o assunto.

É inacreditável que a direita conservadora deste país, capitaneada por uma igreja que, no Brasil, caracterizou-se tempos atrás pela opção pelos pobres e pela visão progressista do evangelho, sirva agora de instrumento para irradiar o medo, fazendo o triste papel que coube à atriz Regina Duarte na eleição de 2002.

Convém assinalar que o referido religioso também não levou em conta as declarações da candidata Dilma de que é a favor da vida e que não pretende alterar a legislação brasileira referente ao aborto, sobretudo porque é mãe e avó, professando a fé católica, tendo, inclusive, recentemente batizado nessa mesma crença o seu neto Gabriel.

É bom avisar ao Padre José Augusto que, ao contrário de Dilma, quem manifestou posição favorável ao aborto, a ponto de regulamentar o tema quando Ministro da Saúde, foi justamente o candidato José Serra, que é pupilo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, aquele confessadamente ateu.

Portanto, ao contrário do que se propaga pela internet, Dilma respeita os valores cristãos, a liberdade de culto e a natureza laica do Estado Brasileiro, tendo o apoio de grandes líderes religiosos das mais diversas denominações cristãs, não sendo possível afirmar o mesmo do candidato demo-tucano.

Evidencia-se, portanto, que esses ataques sorrateiros constituem o mais grosseiro terrorismo religioso de que se tem notícia entre nós, que mudou o foco das eleições de 2010, atendendo aos interesses do PSDB, desviando o debate das questões que realmente importam para os brasileiros nas eleições presidenciais, como o crescimento econômico, a geração de emprego, o aumento da renda dos trabalhadores.

Resta tentar o desmentido, usando os mesmos meios, coisa que não é fácil quando se enfrenta boatos que ninguém sabe de onde surgem, mas que têm enorme força na nossa cultura. O essencial é que a campanha eleitoral no segundo turno retome a discussão de propostas e dos projetos políticos, sociais e econômicos do PT e do PSDB, de Dilma e de Serra, porque isso é que interessa verdadeiramente ao Brasil e é isto que está em jogo nas eleições deste ano.

Como um democrata convicto, manifesto aqui a minha tristeza por constatar que o PSDB se vale de expedientes tão espúrios e vergonhosos para fugir ao debate das questões mais relevantes para país com o objetivo de atacar covardemente uma cidadã brasileira que honrou e dignificou a todos nós brasileiros durante os anos mais negros e sombrios de nossa história e que tem preparo intelectual para prosseguir as transformações que todos almejamos.

Para aqueles que quiserem lançar um pouquinho de luz sobre todos esses temas recomendo que acessem e leiam os artigos do site http://www.sejaditaverdade.net e que, sobre o PNDH3, leiam o texto disponível no site http://portal.mj.gov.br/sedh/pndh3/index.html

06/10/2010 at 21:21 Deixe um comentário

ELEIÇÃO REFORÇA A FIGURA DE UM NOVO LÍDER?

Encerrado o processo eleitoral (salvo quanto ao cargo de Presidente da Repú­blica), ini­ciam-se as avaliações e especulações sobre os recados que se podem ex­trair das urnas.

Reduzindo o nosso campo de análise ao Município de Unaí, confirmou-se a ree­lei­ção do Deputado Federal Antonio Andrade, com votação superior àquela ob­tida em 2006, cor­respondente a 41,41% dos votos válidos.

O Deputado Estadual Delvito Alves não conseguiu sua reeleição graças às fili­granas do sistema proporcional, já que sua coligação obteve 7 (sete) cadeiras na Assembléia e ele terminou em 8º lugar, com 36.382 votos, um crescimento supe­rior a 50% (cin­quenta por cento) entre as duas eleições.

É quase certo, no entanto, que seguirá na Assembléia Legislativa, já que a condi­ção de 1º suplente lhe assegura a posse no caso de algum(uns) deputado(s) da coligação assu­mir(em) secretaria(s) no Governo Anastasia.

Cabe lembrar que Dilzon Melo, Deputado Estadual do PTB, exerceu, desde 2 de janeiro de 2007, a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional e Política Ur­bana.

Além de Dilzon, Wander Borges e Marques são nomes que podem vir a assumir algum cargo executivo, reforçando a idéia de que Delvito Alves continuará a exercer o man­dado de Deputado Estadual, o que é muito bom para Unaí e o no­roeste mi­neiro.

Seja como for, não é possível esconder o fato de que Delvito emerge dessa elei­ção como a grande liderança política da oposição, do alto de seus 19.490 votos obti­dos em Unaí, que correspondem a 46,48% dos votos válidos.

Resta saber se Delvito saberá e quererá assumir a condição de líder da oposição (in­de­pendentemente de seu nome já estar sendo ventilado para uma possível candida­tura a Prefeito ou caso continue a exercer e o mandato parlamentar na hipótese de convoca­ção).

De qualquer modo, a condição que os eleitores de Unaí lhe outorgaram impõe que passe a agir e a tomar decisões, doravante, com mais inteligência e prudência e sendo mais agregador (visto que terá ele papel preponderante na manutenção da unidade da oposi­ção), sobretudo porque o exercí­cio da liderança é incompatível com decisões tomadas de afogadilho ou com atitudes nascidas no calor das emoções e paixões momentâneas, mesmo porque agir com aço­damento nunca é sinal de sabedoria.

O grande líder age com bom senso, com humildade, com equilíbrio, com sereni­dade, com atitude positiva e autodisciplina, com comprometimento com os lide­rados, com coragem e discernimento, com generosidade e iniciativa, com respon­sabilidade e segu­rança, com sabedoria e também com visão.

Esses atributos são essenciais à boa liderança. Daí porque se Delvito Alves quiser as­sumir a responsabilidade que os eleitores de Unaí lhe entregaram terá que agir se­gundo esses predicados, assumindo o encargo de se apresentar perante as forças polí­ticas de Unaí como a figura mais preparada e mais indicada para conduzir o seu projeto.

Acima de tudo, terá que ter o discernimento correto para perceber que já não é mais o quadro central de apenas umas poucas dezenas de companheiros que sempre o acompanharam em sua trajetória política.

Do contrário, poderá abdicar desse papel e continuar a liderar um pequeno grupo de amigos e familia­res, valendo registrar que há uma clara definição na Ciência Política que diz que o poder não deixa vácuo.

Unaí, Outubro de 2010

Paulo Gilberto Alves de Sousa

06/10/2010 at 19:48 Deixe um comentário


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